Defesa Pessoal x Artes Marciais

Vamos lá!

Sempre reluto em falar do assunto, pois como outros tantos, nossa sociedade atual tende a banalizar certos aspectos de um conceito.

Então, vamos levantar uma questão: “Você sabe o que é Defesa Pessoal!?”

Pronto, garanto que na cabeça de várias pessoas já surgiram imagens do Bruce Lee, do Van Damme, do Jet Li, Jackie Chan, e claro, Steven Seagal. Mas será que isso, essa imagem que você resgatou em seu repertório, é realmente defesa pessoal!? Vamos tentar esclarecer e ampliar um pouco este conceito, e desmistificar o que vocês viram nos anos gloriosos destes atores dos filmes de ação.

Segundo o Wikipedia defesa pessoal é:

“… uma contra medida que envolve defender alguém, uma propriedade, o bem estar de outro contra algum perigo. O uso do direito da defesa pessoal como justificativa legal para o uso de força em situações de perigo, é permitida em muitas jurisdições, mas as interpretações variam grandemente.”

Daí podemos entender que defesa pessoal, não trata-se somente de técnicas mirabolantes COREOGRAFADAS nos filmes de ação. Defesa pessoal é algo muito maior, e muito mais complexo, portanto, deve ser tratada com muita responsabilidade.

Muitos instrutores de artes marciais levantam a bandeira da defesa pessoal entre os benefícios oferecidos pelo estudo de sua modalidade. E eu te pergunto!? – “Pode isso produção!?”

Claro que pode… pagando bem, que mal tem!?

Mas eles te avisam que você só vai usufruir desse benefício, do modo que você imaginou, depois de pelo menos 10 anos de muita dedicação em treinos, e provavelmente, depois de muitas lesões!? Nããooooo!?!? Pois é!

Há semanas atrás vi um vídeo de Aikido, cujo título original é “Aikido – Street Story” produzido pela Video Jinak (http://www.videojinak.cz/). O ator principal é um praticante de Aikido, Tomáš Kontakt, 3º Dan, aluno de Tissier Shihan. Ele é responsável pelo Usagi Dojo em Praga, República Tcheca. Confere aqui o site do dojo dele: http://www.usagi-dojo.cz/

Não demorou muito pra baixarem o vídeo por aqui e publicarem novamente com o nome “Aikido – Defesa Pessoal Urbana”, e usarem como ferramenta de marketing. Mas, seria isso mesmo a intenção do autor!? Aqui está o vídeo com seu nome original, assiste aí…

Bem bacana, né!? Mas, vocês viram também o “behind the scenes”!?!? Nãooooooo!?!? Vou facilitar para vocês… clica aí.

Eu queria ter falado sobre esse vídeo assim que ele saiu, mas estava escolhendo as palavras certas. Encontrar o planejamento dele, o behind the scenes, me deu esse ponto de vista, pois o trabalho compartilhado pelos autores é bacana, e quero deixar isso bem claro aqui.

O que vale lembrar é que, por trás daquilo, houve uma preparação, e tudo foi COREOGRAFADO. Numa situação real, provavelmente, as coisas não seriam daquela forma. Não estou dizendo que o resultado seria diferente, mas também não descarto essa possibilidade. Segundo estudo realizado na Universidade de Lawrence, por Madden, Margeret E., alguns relatos podem sugerir que matricular-se num curso de defesa pessoal pode melhorar sua percepção de controle e reduzir sentimentos de vulnerabilidade, e este conteúdo é sempre desenvolvido em aulas de artes marciais. Para avaliar os efeitos desta prática sobre a percepção de controle e vulnerabilidade, 142 pessoas (destas 59 praticantes de artes marciais), selecionadas randomicamente em 10 universidades, responderam a um questionário. Pasmem, os praticantes de artes marciais obtiveram resultados inferiores em controle e superiores em vulnerabilidade. Ou seja, matricular-se num curso de defesa pessoal/artes marciais pode não te ajudar a se controlar ou a sentir-se menos vulnerável numa situação de stress, pelo menos, não nos primeiros anos de prática, segundo este estudo.

Lembra do que eu disse lá em cima!? 10 anos amigo… 10 anos, no mínimo!

Pratico Aikido há mais de 15 anos, e sempre penso em evitar conflitos de forma inteligente – sem conflito. Aikido, defesa pessoal e artes marciais, são mais do que o cinema mostra. Como praticante desta modalidade, sinto-me na obrigação de levantar este ponto, para que leigos também possam refletir sobre essas cenas, sem comprar idéias diferentes das originais.

Ps.: assista o primeiro vídeo até o final, depois dos créditos também… o outro resultado possível também é retratado lá, por isso o autor do vídeo foi responsável!

Valeu galera!

Mais educação… menos competição…

Vivemos numa sociedade competitiva. Concordo que a competição pode ser algo saudável, mas ela tem seus limites e, definitivamente, não pode extrapolar certos âmbitos.

Para tudo há filas, e quem chega primeiro, é VENCEDOR!? Isso cria a sensação de que, mesmo no supermercado, você precisa chegar primeiro na fila dos frios, precisa passar com seu carrinho por cima do pé dos outros se quiser chegar primeiro na fila da carne, não precisa se importar em respeitar um idoso, uma gestante ou uma pessoa com necessidades especiais se eles chegarem depois de você na fila, afinal, se você abrir mão de seu lugar, não terá vencido a prova da sua vida no supermercado.

Você não precisa se preocupar em ser educado, pois educação dispende tempo, conexão, dedicação, e quem quer ser vencedor, precisa estar focado e não pode ter esse luxo. Se você estiver a caminho do trabalho, não pode perder tempo olhando nos olhos do gari e cumprimentá-lo com um simples – “BOM DIA!”, senão, você vai perder o primeiro lugar na fila para embarcar no transporte coletivo ou para estar na primeira fila do semáforo.

Somos criados para ser competitivos, e pra mim, essa é uma das maiores falhas da sociedade atual. E desculpe-me, mas se você faz isso aí de cima, tu é um tremendo de um babaca! #prontofalei

Não quero ensinar meu filho a ser assim, por isso, não pretendo matriculá-lo na natação para participar de competições. Se ele quiser nadar vou incentivá-lo a praticar a modalidade pelo simples prazer de estar na água e de estar com amigos. Se ele quiser jogar futebol, que seja pela diversão, pela possibilidade de ficar mais hábil e ser saudável, não pela competição. Se ele quiser praticar artes marciais, que seja pela possibilidade de aprender a respeitar o próximo e conviver em sociedade, não pela competição.

Não há nada de errado em falhar, em estar em segundo lugar. A falha traz possibilidades de aprendizado.

No Aikido aprendi que cair não é uma falha, mas sim uma qualidade que me torna flexível, adaptável a uma situação de risco. Cair me torna capaz de não ter medo de arriscar com medo de ver minha cara no chão, isso é aprendizado não competitivo, pois quando levanto, sou mais forte, e tenho certeza que posso oferecer o mesmo para o meu parceiro de treino. Quando me arrisco a cair, percebo meus limites, e avalio o quanto posso ir além deles. E o mais importante, aprendi que após a queda sempre há a retomada… sempre me levanto, portanto, não há necessidade de competir.

Mais artes marciais… menos competições desnecessárias!

#aikidoes #mylifestyle #moreaikido

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