Papo entre alunos

Por: Pedro Gabriel

Pedro Gabriel

Em uma conversa com o outro Pedro (P2) há dias atrás, surgiu a seguinte pergunta: “Em que o aikido está contribuindo em sua vida fora do tatame?”. Minha resposta pra ele foi mais ou menos assim:

Eu sempre tive certa dificuldade em separar minhas as coisas, deixando com que os problemas pessoais se misturassem com as coisas do trabalho, assuntos familiares interferissem com minha vida acadêmica, situações com os amigos influenciassem meu humor e todo o resto, entre outras coisas desse tipo. Como não podia deixar de ser diferente, houve dias em que levei coisas para dentro do tatame que não pertenciam àquele lugar. Alguns problemas que eu enfrentava naquele momento da minha vida não deixavam minha mente em paz, me distraindo e ofuscando completamente minha percepção, ação e reação dentro do treino, e em conseqüência, saía todo machucado por não estar absorvendo corretamente as técnicas aplicadas pelos meus parceiros de treino.

Aí você me pergunta, e como que isso pode ser uma ajuda?!

Pra mim, o aikido é sempre um duelo entre quem você é e quem você quer ser. Tenho essa dificuldade? Tenho sim! Mas no aikido tenho a possibilidade de encará-la de frente e, com  tempo, dedicação, esforço e força de vontade, espero vencê-la e chegar um pouco mais perto da pessoa que quero ser. A cada treino, tenho a oportunidade de exercitar tanto o meu corpo, praticando as técnicas apresentadas, quanto minha mente, prestando atenção no que eu realmente preciso durante aquele momento de treino e deixando o resto todo pra fora do tatame, trabalhando sempre o foco. Não adianta querer ir ao dojo treinar o corpo, se a mente não está em harmonia. Como já diz aquele velho ditado, “mente sã, corpo são”!

Nobutada: Please forgive, too many mind.

Nathan Algren: Too many mind?

Nobutada: Hai. Mind the sword, mind the people watch, mind the enemy, too many mind… No mind.

Traduzindo isso para a minha vida, hoje consigo visualizar de maneira um pouco mais clara quando devo, ou não, deixar as coisas se misturarem, separando melhor minha vida acadêmica, pessoal e profissional, tentando assim, ser sempre um pouco melhor do que ontem. E mesmo que eu ainda não consiga separar completamente essas coisas, hoje eu já as percebo e posso disciplinar minha mente para que amanhã ou depois eu consiga!

E você? Como o aikido contribui para sua vida?

Abraço galera!

Mensagem de Yamada Sensei

Traduzido por: Cadu

8 de Maio de 2011.

A mudança de estações sempre traz tantas mudanças na vida. Com a chegada da primavera, acabei de retornar do seminário anual de Yudanshas na Midwest Aikido Center. É sempre um seminário muito hospitaleiro e bem organizado. Os estudantes da MAC trabalham duro juntos, e são um grande exemplo para todos nós. A nova estação trouxe também algumas tristes mudanças. Fui no último final de semana à British Columbia para visitar Kawahara Sensei, que não está muito bem. Ele me chamou e eu soube que deveria ir visitá-lo. Vê-lo me lembra de como devemos apreciar a vida, e também das outras perdas que experimentei no ano passado. Mas ao retornar para New York, para o meu dojo, sinto-me melhor apesar de qualquer lugar que tenha passado. Agora que a primavera chegou em New York e todos estão caminhando por aí com um sorriso brilhante, isso me faz olhar adiante para os lindos dias que estão por vir.

Em poucas semanas quando a estação mudar de primavera para verão, estaremos muito perto do Summer Camp. Espero vê-los no tatame!

Y. Yamada

Para ler a mensagem original, clique aqui.

Nota de falecimento

É com grande tristeza que informamos o falecimento de Koichi Tohei Sensei na manhã de hoje, 19/05/11, no Japão. Ele tinha 91 anos. Um funeral restrito a familiares vai ocorrer em breve, e em alguns dias um funeral formal será planejado em Tokyo onde amigos e alunos poderão estar presentes.

Registramos aqui os nossos sentimentos a familiares, alunos e amigos.

Percepção: quando vou desenvolver a minha?

Fala galera!

Recentemente, conversando com um aluno antes do treino, ele me confessou estar com dificuldades para realizar as técnicas. A experiência corporal desse aluno é bastante física e tensa, e sua percepção visual se sobrepõe aos outros sentidos. Pensei comigo, nada mais natural no início, certo!? Realmente quando começamos qualquer coisa dependemos deste processo de observação para assimilarmos as situações e reagirmos apropriadamente.

Quando entramos no carro para fazer a nossa primeira aula de direção as informações são todas visuais… Aqui está o volante e o câmbio; ali em baixo estão os pedais do acelerador, freio e embreagem; atrás do volante estão as hastes para sinalização, parabrisa, limpador traseiro; aqui estão os espelhos… e assim por diante! Ao utilizar tudo isso pela primeira vez, fazendo o carro se movimentar, tudo é muito tenso e pouco natural. De modo impressionante, após poucos meses de prática disciplinada, você já é capaz de identificar tudo isso sem olhar diretamente para cada peça, e começa deste ponto em diante, a sentir a direção. A percepção visual deixa de ser o sentido principal e passa a fazer parte de um conjunto maior e mais completo. Você consegue perceber para qual lado o carro está puxando, consegue perceber aquele ruído desprezível no motor, sente a presença dos outros carros, e até mesmo consegue antecipar suas ações, evitando assim graves acidentes. Quem não antecipou uma fechada e saiu ileso do que poderia ser uma tragédia!?

Na prática de modalidades marciais o processo de desenvolvimento deste feeling é praticamente o mesmo!

Quando começamos a praticar uma modalidade marcial não sentimos ou percebemos qualquer coisa. Tudo é muito rústico. Não percebemos a mudança de posição do nosso oponente, e não percebemos onde o peso dele está no nosso corpo. Não percebemos a preparação de um golpe percussivo ou a intensidade com a qual devemos responder esta agressão. Não há nada!

Mas isso não é motivo para desanimar, não é mesmo! Se você continuar praticando e estudando, em breve, vai começar a sentir algo! Vai perceber para onde seu oponente está se movendo, o que ele está planejando e quando estará prestes a atacá-lo!

Se você é um iniciante, em qualquer modalidade, e está lutando para perceber tudo isso ao mesmo tempo, não sinta-se desencorajado! Chegar nesse ponto leva tempo e dedicação… muita dedicação! E lembre-se, demora um pouco até aprendermos a dirigir um carro de modo seguro, com todos os sentidos trabalhando em conjunto!

Bons treinos galera!

Aceitar o inaceitável

Por: Howard Yanes Sensei – Aikido Zen Shin Dojo

Traduzido para o Inglês por: Justina Sokes

Traduzido para o português por: Cadu

Howard Yanes Sensei

O corpo humano é um receptor de sentimentos e emoções que ficam gravadas em diferentes canais musculares do corpo. Dependendo da percepção que a mente tenha do mundo com o qual interage, haverá mais tensão muscular numa parte do corpo que em outra, a percepção do mundo externo também dá ou não a capacidade de responder melhor em nível corporal, e vice-versa. Esta relação de mente-corpo e corpo-mente é similar aquela de uke-tori.

A percepção do companheiro e o que interpretamos como rigidez não é uma inflexibilidade para evitar cair, é uma vida que reflete tensões, de sentimentos e emoções estancadas no corpo, de uma mente que possui somente um padrão de percepção. Quando se trabalha com o corpo, estamos trabalhando com um instrumento que interage com mais de 70% de modos de comunicação denominados não-verbais, e é aí que não podemos mentir.

Se nos permitirmos parar de perceber as limitações e colocarmos a mente em outro estado ou ânimo para enfrentar o desconhecido, será mais fácil entender a relação de uke-tori, ou melhor dizendo, tori-uke, onde o aprendizado não está dirigido ao quanto poder podemos exercer sobre outra pessoa, mas sim no quanto de nós podemos doar para que essa pessoa possa crescer recebendo esta energia.

Aceitar o inaceitável é entender as próprias necessidades, derrubar as barreiras do silêncio, comunicar o que cada pessoa sente e precisa para melhorar e transmitir este propósito. Impor uma técnica sem primeiramente entender a causa de alguém que está abaixo do nosso nível de prática não é o propósito do treinamento. Para treinar com mais intensidade, devemos encontrar alguém com maior nível de prática que nos ensine a crescer, mas sem pisar nos outros, pois este é o modo como todos nós gostaríamos de aprender. Como seres humanos em uma era carente de valores, nada de bom é absorvido através de imposição.

Para acessar o texto original clique aqui.

Projeto Campeões do Futuro – Núcleo CEFD/UFES

Hoje, quinta-feira – dia 05/05/2011, o Senshin Dojo estará presente na Inauguração do Projeto Campeões do Futuro – Núcleo CEFD/UFES, que acontecerá às 18:00 horas, no auditório do Centro de Educação Física e Desportos da Universidade Federal do Espírito Santo em Vitória.

O projeto tem por objetivo oferecer oportunidades de inclusão social através do esporte e lazer para crianças em risco social, e será constituído de modalidades de lutas e artes marciais: a capoeira, o judô, o jiu-jitsu e o aikido.

No evento estarão presentes o Vice-Governador, o Secretário de Esportes do Estado (SESPORT), autoridades da UFES e do CEFD, e professores do projeto, entre eles, o instrutor Cadu que será responsável pela prática e instrução do Aikido no núcleo CEFD/UFES.

Para mim é um privilégio estar à frente desta empreitada, afinal, não é sempre que se pode ajudar fazendo o que se gosta, não é mesmo!?

É o Senshin ajudando a comunidade na formação de cidadãos dentro de uma proposta inclusiva e autônoma, e é claro, empenhados em aprender, compartilhar e transmitir um aikido de qualidade.

Aproveitamos o espaço para agradecer aos responsáveis do projeto pela confiança e oportunidade.